15 jul 2011

Em viagem (En viaje)

Pelo caminho estreito, aonde a custo
Se encontra uma só flor, ou ave, ou fonte,
Mas só bruta aridez de áspero monte
E os sóis e a febre do areal adusto,


Pelo caminho estreito entrei sem susto
E sem susto encarei, vendo-os defronte,
Fantasmas que surgiam do horizonte
A acometer meu coraçâo robusto...


Quem sois vós, peregrinos singulares?
Dor, Tédio, Desenganos e Pesares...
Atrás deles a Morte espreita ainda...


Conheço-vos. Meus guias derradeiros
Sereis vós. Silenciosos companheiros,
Bem-vindos, pois, e tu, Morte, bem-vinda!

*                  *                *

Por el camino estrecho en que ni arbusto
florido se halla apenas, ni ave o fuente,
sino la loma estéril e inclemente
con fiebre y soles de desierto adusto;


por el camino estrecho, sin disgusto
me adentré y sin temor les hice frente
a fantasmas surgidos de repente
para atacar mi corazón robusto.


¿Quiénes sois, peregrinos singulares?
Desengaños, Dolor, Tedio, Pesares...
Y la Muerte detrás, medio escondida...


Os conozco: seréis guías postreros.
¡Bienvenidos, oh mudos compañeros!
Y tú también, oh Muerte, ¡bienvenida!


Antero de Quental
(vers. José Antonio Llardent)

No hay comentarios:

Publicar un comentario